Our lovely days




Há dois anos atrás era domingo.
Eu começava a dar uns passos fora de casa meios que a medo depois de uma bronquite avassaladora. O frio era bastante e os pulmões ainda estavam frágeis. E no fundo, passava-se o mesmo com o coração.
Mas do outro lado lançavam-se desafios e havia alguma curiosidade. Quem era aquela pessoa que sem me conhecer parecia que me conhecia? Marcamos ao inicio da tarde, no Marquês, ía eu a conduzir e tu estavas lá, à hora marcada, com os óculos de sol a disfarçar a festa da última noite e tinhas um cartuxo de castanhas na mão. 
O pretexto era ensinares-me a fotografar. Mas falavas tanto e fazias-me rir tanto que nem sempre era fácil seguir as orientações mais técnicas. 
Primeiro nos jardins do Palácio a tentar aprender, depois a comer os melhores croissants e a ouvir sobre ti. E a rir muito, sempre. E ao longo das tuas histórias tentava explicar o inexplicável... como é que já me sentia a gostar de ti?
Foi um início de alguma coisa que viria a tomar muitas formas e sentidos. Um início com muitos caminhos, alguns mais difíceis e longe um do outro. Mas 'tudo é verdade e caminho' e hoje estamos aqui.
Hoje,dois anos depois, é quarta feira. Já não te levo a casa. És tu a conduzir. A casa é nossa. Continuo a querer aprender fotografar. E a máquina continua mais parada do que devia. Continuo a aprender muitas outras coisas contigo. Continuo a rir-me muito. E continuo a sentir o mesmo orgulho e a mesma admiração. 
Por ti, 
por nós.