Não há ninguém tão doce como tu




Foi um sábado ainda mais especial.
Recordo um passeio uns meses antes, naquelas visitas curtas em que o nosso tempo era tão cronometrado que combinávamos caminhadas à hora em que todos ainda estão a dormir para não deixarmos passar a oportunidade de nos vermos. Andávamos por entre as árvores e falávamos dos caminhos que queríamos que as nossas vidas tomassem.
E na altura parecia que estávamos tão longe.
Depois ligaste-me nos meus anos.
Vi o indicativo longo e percebi que eras tu. Havia muito barulho do lado de cá e ouvia a tua voz ao fundo mas consegui perceber - 'vamos voltar a Portugal no teu mês. É a tua prenda!'
Umas semanas depois recebia mais uma maravilhosa notícia e fui contando os dias para que finalmente chegasses, para que ta pudesse contar.
Caminhávamos, mais uma vez muito cedo, desta vez ao longo do rio. E falávamos da loucura que pode ser planear um casamento num mês. Recordava-te que toda a gente passa por essa loucura mesmo quando planeiam durante um ano. E enquanto olhava para ti admirava a tua coragem por conseguires fazer tudo acontecer mesmo na incerteza do amanhã. Mesmo sem resposta para as perguntas que choviam - 'e onde vão viver? e os vossos empregos? e quando voltam da lua de mel? e como é o vestido?'. Nada disso interessa quando o aqui e agora é tão bom e tão verdadeiro.
E depois as minhas boas notícias que este Julho, tão doce, nos trouxe.
E a vida à nossa frente, dentro de nós, a acontecer. Como queríamos, desde a faculdade. Como desejávamos uma à outra em todas as passagens de ano. Em todas as cartas trocadas nos muitos anos em que vivemos longe.
Tu a chorar abraçada a mim de tão feliz.
E no teu sábado, no teu dia, eu, que nunca ligo a casamentos, a chorar mal te vi a entrar na igreja pela mão do teu pai. A emocionar-me com a tua família, sempre tão bonita. Com todas as pessoas que amas e cuidas juntas por ti, por vocês. A chorar abraçada a ti, a maldizermos baixinho as maquilhagens que nos iriam transformar em pequenos pandas. E a chorar outra vez ao ouvir o discurso do teu pai - e recordar todos os serões em que víamos televisão juntos e em que cronometrávamos o tempo que ele demorava a adormecer e depois a acordar de rompante sempre com um rápido comentário ao que tinha acontecido, para não se declarar vencido pelo sono.

Tão bom ver-te tão feliz. Tão bom ser feliz contigo. Tão bom saber que, apesar de nada ter mudado mesmo à distancia, agora vamos poder estar mais perto. Tão bom aceitar que a vida é isto - uma estrada. Com momentos menos bons, que se tornam mais leves e simples porque nos temos. E momento preciosos, que temos que receber e viver de braços abertos. Momentos em que o sol brilha e em que o sorriso é fácil. E outros confusos e que parecem não levar a lado nenhum.

E em todos eles, quero continuar a ter-te lado a lado. A inspirar-me, a aprender, a partilhar. A caminhar contigo. Pela estrada fora. Sis




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